Festas eu adoro, acho que tem uma função de "catarse" para uma semana corrida e estressante...
Amo música, adoro dançar e adoro meus poucos e bons amigos, parceiros de festas, de conversas de cafés, de viagnes... me fazem muito bem! Mas me faz muito bem também ficar sozinha, nunca tive problema com isso ( talvez por nunca ter ficado realmente sozinha, pode ser!)... Mas enfim, me faz muito bem também ficar em casa, escutar as "minhas"músicas, assistir aos "meus" canais favoritos, refletir, meditar... escutar o meu silêncio... é nele que me encontro!
Aí voltando a vida normal e medíocre em Blumenau (minha cidade cármica natal...) essas questões aparecem e reaparecem em emails, conversas, mensagens... O quanto as pessoas reclamam da vida que levam, o quanto invejam a grama do vizinho (que sempre parece mais verdinha...).
Eu não queria a vida de ninguém especificamente, mas muitas vezes me pego pensando se não estaria mais feliz se tivesse feito outras escolhas... até aí tudo normal certo?! Acredito que sim, se você conseguir perceber que tudo depende de você, do seu ponto de vista, de sua capacidade de flexibilizar um momento nao tão bom... e buscar algum tipo de mudança, algo ou alguma atitude que te faça mais feliz!
Eu já percebi que as pessoas reclamam quando chove, mas também reclamam quando o sol está muito quente... Acostumadas a reclamar, perdem o momento. A chuva pode ser ótima para lavar a alma como um banho de cachoeira... o sol pode ser ótimo para aquecer o coração, trazer luz ao seu dia!
Bom, adoro o amanhecer e acho que cada novo dia é um novo começo, uma nova possibilidade de "despertar"...
Então fica a dica: Faça você o seu dia, seja responsável por suas escolhas e decisões, acredite, confie, viva a sua vida e não a do outro...
Festa no outro apartamento
(Martha Medeiros)
Anos atrás a cantora Marina compôs com o irmão dela, o poeta Antônio Cícero, uma música que dizia: "eu espero/acontecimentos/só que quando anoitece/é festa no outro apartamento". Passei minha adolescência inteira com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar, porém eu não havia sido convidada.
Até aí, nada de novo. Não há um único ser humano que já não tenha se sentido deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. O problema está em como a gente reage a isso. A grande maioria que espera "acontecimentos" fica ligada demais na festa do vizinho, se perguntando: como fazer para ser percebido? A resposta deveria ser: percebendo-se a si mesmo. Mas é o contrário que acontece: a gente passa a se vestir como todo mundo, falar como todo mundo, pensar como todo mundo. Só então consegue passe livre: ok, agora você é um dos nossos, a casa é sua.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação tão infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias de jornal. As pessoas alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.
É preciso amadurecer para descobrir que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro não costumam ser revelados. Pra consumo externo, todos são belos, lúcidos, íntegros, perfeitos. "Nunca conheci quem tivesse levado porrada/todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo". Fernando Pessoa sacando que nada é o que parece ser.
Sua solidão, sua busca por paz interior, seus poucos e leais amigos, seus livros, suas músicas, fantasias, de desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na sua biografia, e pode ser mais divertido que uma balada em algum lugar distante. Pegar carona na alegria dos outros é preguiça, e quase sempre é furada. Quer festa? Promova-a dentro do seu apartamento.
Anos atrás a cantora Marina compôs com o irmão dela, o poeta Antônio Cícero, uma música que dizia: "eu espero/acontecimentos/só que quando anoitece/é festa no outro apartamento". Passei minha adolescência inteira com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar, porém eu não havia sido convidada.
Até aí, nada de novo. Não há um único ser humano que já não tenha se sentido deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. O problema está em como a gente reage a isso. A grande maioria que espera "acontecimentos" fica ligada demais na festa do vizinho, se perguntando: como fazer para ser percebido? A resposta deveria ser: percebendo-se a si mesmo. Mas é o contrário que acontece: a gente passa a se vestir como todo mundo, falar como todo mundo, pensar como todo mundo. Só então consegue passe livre: ok, agora você é um dos nossos, a casa é sua.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação tão infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias de jornal. As pessoas alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.
É preciso amadurecer para descobrir que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro não costumam ser revelados. Pra consumo externo, todos são belos, lúcidos, íntegros, perfeitos. "Nunca conheci quem tivesse levado porrada/todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo". Fernando Pessoa sacando que nada é o que parece ser.
Sua solidão, sua busca por paz interior, seus poucos e leais amigos, seus livros, suas músicas, fantasias, de desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na sua biografia, e pode ser mais divertido que uma balada em algum lugar distante. Pegar carona na alegria dos outros é preguiça, e quase sempre é furada. Quer festa? Promova-a dentro do seu apartamento.
2 comentários:
Minha querida!
Como é bom passar por aqui e ler tuas postagens sensacionais...a gente sai fortalecida!!!
OI Manu,
Que texto incrivel, vc escreve e se expressa tão bem! Fazia um tempinho que não vinha no seu blog e hoje tive um gostosos momento lendo seus textos, teu blog foi uma ótima companhia! rsrs
Beijos, Gisele - Les Amies
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