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sexta-feira, 16 de julho de 2010

A menina e o pássaro encantado...


Era uma vez uma menina que tinha como seu melhor amigo, um Pássaro Encantado. Ele era encantado por duas razões:
Primeiro porque ele não vivia em gaiolas. Vivia solto. Vinha quando queria. Vinha porque amava.
Segundo, porque sempre que voltava suas penas tinham cores diferentes, as cores dos lugares por onde tinha voado.
Certa vez voltou com penas imaculadamente brancas, e ele contou estórias de montanhas cobertas de neve. Outra vez suas penas estavam vermelhas, e ele contou estórias de desertos incendiados pelo sol. Era grande a felicidade quando estavam juntos. Mas sempre chegava o momento quando o pássaro dizia:
"Tenho de partir."
A menina chorava e implorava: "Por favor, não va, fico tão triste. Terei saudades e vou chorar..."
"Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "Eu também vou chorar. Mas vou lhe contar um segredo: eu só sou encantado por causa da saudade que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for não haverá saudade. E eu deixarei de ser o Pássaro Encantado e você deixará de me amar."
E partia. A menina, sozinha, chorava. E foi numa noite de saudade que ela teve a idéia: "Se o Passaro não puder partir, ele ficará. Se ele ficar, seremos felizes para sempre. E para ele não partir basta que eu o prenda numa gaiola."
Assim aconteceu. A menina comprou uma gaiola de prata, a mais linda. Quando o pássaro voltou eles se abraçaram, ele contou estórias e adormeceu.
A menina, aproveitando-se do seu sono, engaiolou-o. Quando o pássaro acordou ele deu um grito de dor.
"Ah! Menina...que é isso que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias. Sem a saudade o amor irá embora..."
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar.
Mas não foi isso que aconteceu. Caíram suas plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar. Também a menina se entristeceu.
Não era aquele o pássaro que ela amava. E de noite chorava pensando naquilo que havia feito com seu amigo...
Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola. "Pode ir, Pássaro", ela disse." Volte quando você quiser..."
"Obrigado, menina", disse o Pássaro." Irei e voltarei quando ficar encantado de novo. E você sabe: ficarei encantado de novo quando a saudade voltar dentro de mim e dentro de você!

Não é incrivel esse Rubem Alves?! Eu amo!

Sobre viagens e saudade na infância...

Sei que este é um tema amplo, muito amplo...
e demorei para postar pois estava buscando referências bibliográficas, estudando, entendendo...
Por ser psicóloga, com enfoque familiar, muitos pais (amigos e pacientes) me perguntam se "as crianças" sentem saudade, e a partir de que idade, quando os pais viajam ou se ausentam por determinado período...
Sempre respondi: Claro que sentem! Bebês sentem saudade dos pais, principalmente da mãe, do colo, do cheiro, do aconchego, da rotina... bebês e crianças precisam dessa segurança!
Mas agora falo um pouco sobre a experiência que tive com os meus pequenos no periodo em que estive viajando...
Divido aqui pois acredito ser útil à outros pais  que se preocupem com essas questões...
Como opção de leitura e pesquisa posso citar René Spitz, Piaget, Melanie Klein, Anna Freud, Winnicott, etc... grandes autores e pesquisadores sobre o desenvolvimento infantil, mas o que me chama atenção atualmente é um tema pouco estudado, pouco explorado : A Psicossomática na Infância!
Explico, Doenças Psicossomáticas são doenças provocadas por questões emocionais, como a tensão, estresse, a depressão entre outros.
O estresse ( físico, psicológico ou social) compreende um conjunto de reações e estímulos que causam distúrbios no equilibrio do organismo, muitas vezes causando uma baixa na imunidade do organismo e doenças psicossomáticas...
Alguns autores caracterizam de "Sindrome geral de adaptação" um quadro que apresenta três fases consecutivas: Alarme, Resistência e Esgotamento. Após a fase do esgotamento, surgem as doenças ( herpes, úlceras, dermatites, lesões de pele, queda de cabelo, enxaquecas, hipertensão arterial, entre tantas outras...)
Sem dúvida o corpo é uma extensão do que vivemos e sentimos, mas como as crianças respondem a tudo isso? o que é estressante na infância?
A distância dos pais é o que abordo aqui... Se o início na vida escolar, a entrada da criança ou bebê em uma instituição de cuidado e ensino, gera angústia e conflitos, a distância e a separação dos pais por um longo período marca sem dúvida o desenvolvimento da criança. Tanto a iniciação escolar como o distânciamento, autonomia e independência dos pais são importantes e fundamentais para o desenvolvimento da criança, a questão é fazê-lo de forma saudável e adequada à pais e filhos, pois a tranquilidade de um é diretamente proporcional a tranquilidade do outro. (Sobre adaptação na escola o site educativa online é ótimo).
Como terapeuta de familias e casais sei da impotância de viagens para o casal, do quanto fortalece o vínculo, do quanto tranquiliza a relação... E por ter passado por isso recentemente divido aqui algumas impressões...

Bom, em relação a viagens... o que seria mais adequado? Claro que existem situações inesperadas (como falei o tema é muito amplo...) mas havendo a possibilidade de planejamento de uma viagem, inclua a criança desde o planejamento, explicando o motivo da viagem, os locais visitados, a distância através de mapas, fotografias, conte o tempo em um calendário apropriado (onde seja possivel visulaizar os dias). Fale com segurança, não pense que bebês não entendem, eles entendem muito seu tom de voz, sua emoção... Crianças que entendem o motivo da viagem dos pais podem ficar muito mais tranquilas frente a esta situação...

Procure deixar a criança dentro de sua rotina habitual, oriente bem a pessoa (babá, avós, tios, padrinhos...) que irá cuidar da criança para que fique atenta a rotina e atividades divertidas como pintar, desenhar, recortar e colar, massinhas de modelar, etc... Essas atividades favorecem a expressão de sentimentos da criança, assim como fantoches e brincadeiras com bonecos ou fantasias... Deixe fotos da familia ao alcance da criança caso ela se interesse em perguntar pelos pais... (Eu, como também trabalho com fotografia, deixei um album pronto com a história dos meus filhos desde bebês, para leitura antes de dormir ou quando interessasse!).

Certifique-se de que seu pediatra de confiança esteja  na cidade no período de sua ausência e informe-o da situação, mas prepare-se para que algum sintoma apareça (como por exemplo: gripes, resfriados, diarréia, febre, doenças respiratórias, amigdalites, faringites, alergias, etc...) é normal e faz parte do preocesso de elaboração da criança.
O que pude perceber é que as crianças tem um limite, um "termostato" interno que regula questões emocionais até certo ponto. Tenho visto que a ausência dos pais suportada com mais tranquilidade pelas crianças fica em torno dos 7 dias, após isso, talvez pela repetição da rotina, elas começam a entrar em um estado de esgotamento, passados 10 dias os sintomas aparecem em quase 100% dos casos.
Claro que tudo isso depende muito da fase de desenvolvimento físico, psicologico e cognitivo da criança, mas de maneira geral, em crianças saudáveis que costumam conviver diariamente com os pais, os sentimentos e sensações são semelhantes.
 Divido isto aqui, pois acredito que esta é uma questão importante a ser considerada antes de qualquer situação de separação física, seja ela qual for (viagens, doenças, hospitalização, etc).
Termino essa reflexão com o que diz meu amado Rubem Alves:
"A saudade é um buraco na alma que se abriu quando um pedaço nos foi arrancado.No buraco da saudade mora a memória daquilo que amamos, tivemos e perdemos. A saudade é a presença de uma ausência..."


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